Libertar a política
Os militantes do PSD estão agora a perceber o quanto o seu partido parou no tempo. Que não evoluiu, nem sabe para onde ir. A piorar a situação, o PS, seu rival na partilha do poder, apropriou-se do programa social-democrata roubando-lhe, não apenas a iniciativa, mas todo o campo de acção política. A situação é desesperante para qualquer laranjinha que sonhe com o poder e deriva do facto de o PSD ter, há muito, deixado de receber qualquer feed-back de parte da sociedade.
Para colmatar esta lacuna, o aparelho do partido instituiu o método das directas na escolha do líder. No entanto, esta tentativa não terá quaisquer consequências de maior porque o problema não está em o partido não ouvir as bases, mas em não escutar a sociedade. Há muito que o PSD deixou de ser o partido de massas de outrora, daqueles que tinham iniciativa. O drama (aliás, de todo o sistema político-partidário português) é que quem é empreendedor há muito que deixou os partidos e se desinteressou da política.
A explicação para o sucedido poderá estar na inexistência de círculos uninominais e no vigorar do método de eleição proporcional dos deputados. É esta realidade que permite a eleição daqueles que não vencem eleições e que o castigo nunca seja suficiente para o partido que perde, obrigando-o a mudar de rumo. O resultado é a estagnação e a espera constante pelo próximo ciclo político. A consequência será a falta de cuidado do que são as necessidades das pessoas e a redução da política à politiquice. O desfasamento do PSD com a realidade está aqui e pode bastar uma pequena alteração no método de eleição dos nossos representantes, para que o dinamismo volte e os verdadeiros animais da política regressem à arena.
por André Abrantes Amaral @ 5/23/2006 11:12:00 da manhã
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