Puré de Batata Canhoto
Rui Pena Pires respondeu, com a inteligência e sagacidade que o caracterizam, ao BrainstormZ. Mantêm-se no entanto muitos dos velhos dogmas da esquerda intervencionista implícitos no post inicial: a ideia de que governos imperfeitos podem actuar sistematicamente de forma satisfatória para corrigir as (reais ou imaginadas) "falhas do mercado"; a ilusão de que os sistemas de serviços estatizados não acarretam um custo de oportunidade nem fazem crowding out dos serviços fornecidos pelo mercado ao mesmo tempo que corroem a sociedade civil; o desconforto relativamente à religião em nome de um ideal de "neutralidade" que mais não é do que uma nova fórmula para a velha hostilidade ao papel civilizacional e estruturante da Igreja.
Além de tudo isto, convém recordar que no post E com orgulho… ! Rui Pena Pires havia escrito o seguinte:Em Portugal, estamos em vias de ver transformados em insulto termos como “laico”, “público” ou “estatal”, para já não falar na palavra “esquerda”, só tolerantemente admitida se acompanhada do adjectivo “moderna”.
No Portugal que conheço continua a vigorar uma Constituição absurdamente colectivista que aponta o caminho para o socialismo. No Portugal que conheço, a esquerda goza de uma quase hegemonia nos meios jornalísticos. No Portugal que conheço, estar à direita continua a ser anátema. Estaremos a falar do mesmo país?
Rui Pena Pires não me desiludiu, mas confesso que não acho nada convincente a (bizarra) tentativa de vitimização vina de uma esquerda que continua a dominar largamente os meios mediáticos e académicos.
por André Azevedo Alves @ 4/04/2006 01:10:00 da manhã
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