"Ordem, Liberdade e Estado" na imprensa
«“Neste livro está premente a tensão ou a antítese que hoje está em voga entre Liberdade e Democracia. Esta obra resolve um pouco este enigma de forma agradável, tragável e com o risco de dualidade por nós ficarmos a gostar dos dois pensadores é grande”. Palavras de Paulo Rangel, especialista em Direito Constitucional, sobre o livro «Ordem, Liberdade e Estado - Uma reflexão crítica sobre a filosofia política em Hayek e Buchanan» de André Azevedo Alves que, anteontem, foi lançado no Porto.»
A notícia do livro do AAA n'O Primeiro de Janeiro.
Relativamente ao conteúdo da notícia queria apenas fazer dois reparos:
a) Apesar de já ter leccionado na Faculdade de Economia da Universidade do Porto, o Professor José Manuel Moreira encontra-se actualmente na Universidade de Aveiro.
b) A notícia refere erradamente que a tese versa sobre "o neo-liberalismo clássico". Relevando o aspecto paradoxal da frase, parece-me aqui existir uma confusão conceitos.
O Liberalismo Clássico, cujos percursores se encontram desde a Grécia Antiga até ao Iluminismo Escocês, advoga a defesa das liberdades quer políticas quer económicas do individuo (as quais não distingue hierarquicamente) . Consequentemente, o aumento do papel do Estado é visto como implicando necessariamente uma maior restrição das liberdades individuais. Tendo em conta esta constatação vários autores, herdeiros desta tradição, divergem quanto às funções que este deve desempenhar e às formas de conseguir limitar o seu crescimento exponencial.
O chamado neo-liberalismo surge na década de 70 do Séc. XX como reacção às políticas estatistas que gradualmente foram implementadas, especialmente, desde o final da IIª Guerra Mundial e que culminaram na "estagflação". Apesar de ter tido um importante papel na destatização da sociedade (especialmente nos EUA e Reino Unido) o principal enfâse foi dado à reformulação das políticas económicas.
Ora, a tese do AAA apenas lateralmente foca aspectos económicos propondo-se, como indica o subtítulo, fazer "[u]ma reflexão crítica sobre a filosofia política". Desta forma penso não restarem dúvidas que esta se insere no liberalismo clássico e não no neo-liberalismo.
por Miguel Noronha @ 4/14/2006 03:36:00 da tarde
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