Viva o Sr. Comissário!
O Sr. Comissário Franco Frattini revelou ontem o plano da Comissão Europeia sobre um "código de conduta" para resolver aquilo que considera ser um "problema muito real" de "reconciliação" de liberdades "fundamentais."
O Sr. Comissário declara os europeus moralmente incompetentes. Os cidadãos das democracias liberais não estão preparados para assumirem as responsabilidades decorrentes da liberdade. Incapazes de deliberação moral, o melhor mesmo é pôr-lhes o babete do regulamento pendurado ao pescoço, não vá mais algum desastrado regurgitar ofensas a Maomé, à Virgem ou aos pastorinhos.
O Sr. Comissário tem toda a razão: depois de um século de positivismo legal e de mais de meio século de “construção do socialismo”, é de desconfiar da autonomia moral dos europeus.
Temos de agradecer ao Sr. Comissário e a outros lustrosos sábios, que do alto das suas peanhas burocráticas nos ministram o sermão do respeitinho e nos explicam que o lobo não é mau —a ovelha é que é imprevidente. Antes a grade do regulamento do que ovelhas ranhosas com inclinação para o desenho a porem o rebanho todo em perigo.
Temos de condenar “vigorosamente” todos aqueles que confundem a sua “liberdadezinha” com licenciosidade e apoiar a visão culturalmente igualitária do Sr. Comissário, bem como os seus esforços de construção da “eterna paz e fraternidade entre os Povos.”
Temos de repudiar o “etnocentrismo ocidental” que impede os europeus de reconhecerem e expiarem as suas culpas históricas por todas as desgraças do mundo.
São queridos líderes como o Sr. Comissário que nos ajudam a compreender a realidade perigosa em que vivemos e a evitar as armadilhas ideológicas de quem proclama como falsa a virtude legislativa da Comissão Europeia, afirmando que esta mais não esconde do que uma mistura de cobardia com a opressão do “politicamente correcto”.
Há que agradecer às gerações de esforçados burocratas, que laboriosamente erguem o edifício legislativo europeu. O sr. Comissário Frattini segue pelo caminho aberto por outros compatriotas virtuosos, como o sr. Roberto Barzanti, socialista e deputado europeu, cuja merecida homenagem tarda.
Já no início dos anos 90, o sr. Barzanti, então à frente da Comissão do Parlamento Europeu para a juventude, cultura, educação, desporto e media cometia intrépidas palestras em diversos colóquios, onde corajosamente proclamava a "superioridade cultural" do Islão e expressava "admiração" pelo sistema das escolas religiosas islâmicas (as madrasah), afirmando que estas eram o "modelo inspirador" do programa Erasmus.
O sr. Frattini faz muito bem em seguir o exemplo do seu compatriota e todos nós devemos ter o bom senso de seguir os seus luminosos conselhos — em boa hora tornados injunções legais, se não quisermos acabar no mais profundo círculo do Inferno. Mesmo que não nos importemos muito com isso, convém, à mesma: se Dante tiver razão, temos o “profeta” como vizinho para a eternidade.
Viva o Sr. Comissário!
Morte à licenciosidade!
por FCG @ 2/10/2006 12:21:00 da tarde
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