20.1.06

Um nevão no terceiro mundo

Durante toda a manhã Bragança esteve praticamente paralisada. Para além das escolas fechadas, o trânsito na zona central da cidade só começou a circular com alguma normalidade a partir do meio-dia. À hora de almoço foram retomadas as ligações por transportes públicos para as aldeias do concelho. Uma situação que não esteve circunscrita à capital de distrito. No vizinho concelho de Vinhais as escolas permaneceram encerradas e a neve inviabilizou também a circulação.###

Os serviços da câmara de Bragança começaram, todavia, a limpar a neve ainda na tarde de domingo, nalgumas artérias da cidade, bem como em várias aldeias. Nalguns locais, em simultâneo, foi lançado sal para dissolver a neve. No entanto, as solicitações eram demasiadas para os meios existentes. A autarquia não possui qualquer limpa-neve, tendo apenas disponíveis duas máquinas de limpeza de estradas que adapta a essa função. A ajudar, junta-se um equipamento dos Bombeiros Voluntários de Bragança adaptado à limpeza da neve. O Instituto de Estradas de Portugal (IEP), para aquela região, possui apenas uma viatura, usada sobretudo no IP4.

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A falta de resposta por parte do município motiva algumas queixas dos brigantinos. Nas zonas periféricas da cidade não foi lançado sal, o que fez com que a neve se mantivesse nas ruas e passeios aumentando a perigosidade para a circulação de carros e pessoas. No bairro de Além do Rio, os bombeiros tiveram que retirar uma viatura que se despistou devido ao estado escorregadio do piso. António Morais, morador na zona, teme que se nada for feito "como isto é uma zona sombria, teremos neve para mais 15 dias".

Uma situação semelhante ocorreu há 10 anos. Na memória dos brigantinos está ainda um forte nevão, em 1996, que obrigou ao encerramento dos serviços públicos. Ontem, Bragança voltou a estar isolada do mundo devido à neve.