Porquê?
Constança Cunha e Sá (CCS) aprecia no seu blogue, aqueles que denomina de mestres do liberalismo. Como não me revejo na comentário, sinto-me à vontade para fazer algumas observações. CCS vê a blogosfera liberal como que povoada por esses mestres ávidos em apontar as falhas no raciocínio de outros liberais, ao invés de procurarem explicar os seus pontos de vista. Ora, esta perspectiva de CCS erra tanto no método seguido, como falha o cerne da questão.
Comecemos pelo início. São vários os blogues que têm defendido princípios liberais e julgo ser injusto acusá-los de fraca produtividade. A blogosfera é, antes de mais, um local de combate político e não de lições e artigos académicos que devem ser reservados às faculdades. Há discussão. Ora, qual o problema da sua existência? Não ficamos melhor servidos se for deixado aos leitores decidir se os ditos ‘mestres do liberalismo’ merecem o seu tempo de leitura? Em virtude do tom e do estilo que cada um envergou, foram já vários os bloggers que deixei de ler e outros que passei a acompanhar com mais atenção. É como em tudo na vida: Quem não contiver o seu ego, acaba sozinho a escrever para a estratosfera.
Se assim é, por que razão não lemos análises ao que dizem os bloggers liberais, mas apenas inúmeras apreensões quanto ao seu estilo? É aqui que chegamos ao ponto fulcral: Vivemos num país onde o liberalismo é algo estranho e está intimamente ligado à figura de D. Pedro IV, esse rei pedante e vaidoso. O selo de radicalismo que hoje recai sobre quem é liberal já incidiu em tempos sobre quem não se dizia socialista. Sem a blogosfera, o liberalismo não seria discutido, ficando a impressão que muitos dos que criticam o tom, pouco têm a acrescentar. Tanto tempo andámos a ler jornais e revistas e nada do que hoje se fala nos blogues alguma vez chegou ao domínio público. Porquê? É esta a pergunta que gostaria de deixar aos leitores da blogosfera.
por André Abrantes Amaral @ 1/31/2006 11:46:00 da manhã
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