8.1.06

O descalabro de Soares e a protecção da comunicação social

Mário Soares sabe bem que vai perder estas eleições. Mais: deve desconfiar que se arrisca mesmo à derrota maior: ficar atrás de Manuel Alegre. À laia de primeiro discurso de admissão do descalabro, já suspira que entrou na luta “tarde demais”.

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Há dias, João Miguel Tavares recordou o episódio, hoje já disseminado por milhares de dowloads, em que Soares se confunde ao falar de Ribeiro e Castro, “numa atrapalhação mental tão grande que ao pé dela até a gafe do PIB empalidece. Pergunta: porque não passaram essas imagens mais vezes? Porque é que elas, como aconteceu com Guterres, não foram repetidas até à exaustão?”
Muito boa pergunta, com efeito. E a resposta é simples: a comunicação social continua a proteger Soares. Mas de forma diversa da do passado. Hoje em dia, protege-o de si mesmo, finge não reparar nas suas gaffes — ou menoriza-as — e olha para o outro lado quando os sinais de menor agilidade mental sobem ao palco. Em off, os jornalistas gozam o espectáculo e divulgam episódios cómicos pelos amigos; face à sua audiência, reprimem as histórias, omitem os pormenores, fazem de conta de que pouco se passou. Por isso o lapso de Guterres foi notícia, por isso o de Soares circula quase clandestino pela net.

O "lapso" (ou melhor, a sucessão de lapsos) em causa é este (video disponível aqui).