CDS-PP: um sarilho chamado Paulo Portas
Aviso: o título em epígrafe é uma adaptação do post do André Abrantes Amaral. Leitura recomendada.
André, tal como o PSD, também o CDS-PP será forçado a, nos próximos três anos, enquanto oposição, "reformular os seus fundamentos ideológicos".
Com o PS "obrigado" - pelos eleitores e conjuntura económica - a mover-se à direita, aqueles partidos encontram-se, hoje, perante o dilema de manterem a sua base ideológica agora ocupada pelo PS (políticas socialistas com gestão equilibrada do Orçamento de Estado) ou, alternativamente, moverem-se eles próprios para uma opção mais liberal de Estado.###
No PSD penso que existem demasiados militantes agarrados ao poder político e ao que este pode fazer pelas suas carreiras. Haverá, por isso, uma enorme resistência à defesa de políticas mais liberais não só porque lhes é "profissionalmente" inconveniente mas também porque se trata de terreno desconhecido. Inviabiliza-se assim a possibilidade de António Borges suceder a Marques Mendes.
Pessoalmente, considero mais provável a escolha de Manuela Ferreira Leite como próxima líder do PSD. Esta ganhou, junto de muito do eleitorado (eu tenho opinião contrária), uma reputação de rigor orçamental que poderá ser uma vantagem política caso o crescimento económico não apareça e/ou o Défice do Orçamento de Estado continue acima do limite de 3% do PIB. Portanto, penso que no próximo triénio a oposição dos sociais-democratas ao Governo firmar-se-á na seguinte doutrina: "O PSD pode salvar o Estado Social porque tem melhores gestores"...
Aliás, parece ser esta, também, a estratégia do Partido Conservador no Reino Unido. Contudo, o líder conservador, David Cameron, tem um bónus: Tony Blair não será candidato nas próximas eleições.
Ora, com o PS e PSD a disputarem a mesma base ideológica, resta ao CDS-PP pouca margem de manobra. Ou muda ou morre.
A sobrevivência do partido depende, por isso, da eficaz implementação de uma base ideológica mais liberal. Julgo que é isso que se está a tentar fazer com a participação de alguns militantes no projecto Direita Liberal.
Para adoptar políticas liberais no seu programa político, o CDS-PP tem de enfrentar dois obstáculos: as crenças socialistas do eleitorado e... Paulo Portas.
Poder-se-á pensar que o eleitor é o maior obstáculo mas, com cópia dos discursos do PS e PSD e o interregno eleitoral de três anos, existe oportunidade para alguns dos ideais do liberalismo serem divulgados e explicados à população (este processo já começou há muito na blogosfera).
Chegamos finalmente a Paulo Portas. O grande entrave à evolução ideológica do CDS-PP é o legado político deste (apoiantes incluídos) e a sua vontade, ou não, de travar qualquer mudança de rumo - como tenta Santana Lopes fazer no PSD.
Contudo, ao contrário de Santana Lopes, Paulo Portas soube calar-se. Ao contrário de Santana Lopes, Paulo Portas não perdeu a presidência do partido ("deixou-a" a outros...). Ao contrário de Santana Lopes, Paulo Portas terá tempo de antena para "controlar" o seu partido. Será ele um sarilho para o CDS-PP?
por BrainstormZ @ 1/24/2006 09:48:00 da tarde
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