8.12.05

O nosso homem em Belém

É isto que faz estarem profundamente errados todos aqueles, à direita e à esquerda, que pensam em Cavaco como um agente de ruptura do que quer que seja. Retirado o activismo presidencial, o eanismo sempre foi um projecto bastante convencional no interior do nosso regime, uma mera tentativa para o viabilizar. Também o cavaquismo o é. Não vimos Cavaco, não o vemos e não o veremos com uma acção política do tipo de Sá Carneiro, procurando alterar as condições de base de funcionamento do regime. Com Cavaco Presidente, tudo será tentado para salvar e tornar funcional o que existe (ficando por saber o que fará se a salvação não for possível). Haverá quem ache pouco e quem, por isso mesmo, considere Cavaco perigoso. Mas aqueles à esquerda que imaginam o perigo de Cavaco como tendo origem na vontade de alterar as regras do jogo estão equivocados por completo. Talvez seja irónico, mas é até provável que tenham em Cavaco o seu melhor, mais sério e eficiente representante na Presidência. O Presidente que a esquerda realmente deveria desejar. Provavelmente foi isso que Veiga de Oliveira - um verdadeiro herói antifascista - terá percebido.