2.12.05

Mais 16 "jobs" para entes pouco laicos

Eis que avançam os Controladores (um em cada ministério), essa figura que assegurará que os outros nomeados políticos irão respeitar o OE. No fundo, será alguém bastante íntegro e zeloso cumpridor das suas responsabilidades de vigilância. Será aquilo que todos os ministros, secretários de estado, sub-secretários, directores-gerais... que até hoje foram responsáveis pela gestão cuidadosa e responsável do dinheiro que os contribuintes entregam ao Estado, nunca conseguiram ser.
No fundo, reconhece-se que os gestores da coisa pública (políticos eleitos ou gestores de carreira na Admnistração Pública), sujeitam as suas decisões a considerações outras que não a da melhor razoabilidade dentro do estimado pelo OE. Reconhece-se a tendência para satisfazer clientelas políticas ou de outra índole, para colocar interesses sectoriais à frente das limitações do financiamento fiscal.
Como solução recorre-se à figura do Controlador Financeiro (comum na maior parte das empresas com maior dimensão ou nas multinacionais). Só que esta função, nos moldes em que se espera que funcione no Estado, só pode vir a ser cumprida por quem tenha uma omnisciência comprovada (como analisar atempadamente a informação financeira de cada ministério, instituto, directoria-geral?) e uma omnipotência demonstrável (como intervir com autoridade para assegurar alterações efectivas de comportamentos ou de decisões?).
Creio bem que o processo de recrutamento e selecção deste "ser" servirá de prova aos que procuram demonstrar que em Portugal não há um estado laico...