Mundo Moderno
O mundo moderno é, em larga medida, incompreensível para mim. E não só os assuntos relativos ao género feminino, cuja ignorância devo à pouca vontade, por elas demonstrada, de me permitir um esclarecimento. Há toda uma gama de aspectos da sociedade actual que ultrapassa os limites da minha compreensão: o Ministério da Educação está preocupado com o insucesso escolar. Para o combater, cria uma avaliação alternativa, que permita chutar para a frente os que não conseguiram progredir. Uma campanha televisiva anti-tabagista assenta no pressuposto de que arrancar viscosidades das fossas nasais e colá-las ao objecto mais próximo é um acto menos repulsivo do que o de fumar. O Governo vai aumentar o salário mínimo, acabando por prejudicar precisamente aqueles que quer proteger. Uma notícia afirma que dirigentes do PS e do CDS mantiveram conversas acerca de uma eventual substituição do Procurador-Geral da República. O procurador indigna-se com a violação do segredo de justiça. Não o preocupa o facto de conversas normais entre duas pessoas serem escutadas e gravadas. Não o preocupa o facto da privacidade de alguém ser invadida para denegrir a pessoa em causa. Um soldado português morre no Afeganistão. As boas consciências culpam o Governo português. Nem uma palavra para os autores do atentado. Cavaco Silva deu uma entrevista. Soares continua a pedir que fale. Para quem quer ser um "ouvidor", era bom que começasse pelo seu adversário. E continua a pedir debates. Pergunto-me o que irá dizer quando estes efectivamente se realizarem? Nessa altura, aquele que tem sido o assunto central da sua campanha já não fará sentido. No Brasil, o PT quer Lula como candidato à presidência no próximo ano. Nos EUA, há quem queira Hillary Clinton para 2008. Em Espanha, há quem tenha querido Zapatero. Mais, há quem mantenha essa opinião. Na Bélgica, há quem acredite que vive num país diferente da França. Na França, há quem acredite viver num país civilizado. Tudo isto me ultrapassa. Apesar de tudo, a semana trouxe boas notícias. Na Alemanha, já há governo. O acordo de coligação demorou a ser feito, mas já existe. A ruptura será muito mais rápida.
por Anónimo @ 11/20/2005 10:34:00 da tarde
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