20 anos
De acordo com o FMI, a Espanha terá um crescimento económico de 3% no próximo ano de 2006, mantendo-se como umas das poucas economias da Europa ocidental a crescer devidamente. Lembro-me da forma como, durante vários anos, olhámos com comiseração para a taxa de desemprego dos nossos vizinhos. Na verdade, 21% de desempregados, quando comparados com os nossos 4%, era muita fruta. Portugal estava na rota do sucesso.
No entanto, não era bem assim. O desemprego é muito fácil de combater. Nem que se ponham todos os desempregados a partir pedra e em outras actividades escusadas, naturalmente pagos com o dinheiro que o Estado cobra aos contribuintes. O difícil é promover empregos úteis e necessários. O difícil é criar trabalho. Ao contrário do que sucedeu em Portugal, a Espanha não se satisfez com o emprego a todo o custo. Preferiu aguentar-se com altas taxas de desempregados, a submeter uma boa percentagem da sua população a uma actividade desnecessária e vã. As diferenças estão à vista de todos. A Espanha está forte e Portugal lamenta-se com o défice. A Espanha cria, todos os dias, novos postos de trabalho. Portugal vê-os desaparecer. A Espanha escolheu o caminho difícil e colhe hoje os frutos. Portugal entendeu ir pelo fácil e sofre as consequências da sua escolha. A Espanha tem um sector privado que produz. Portugal um sector público que empata. A Espanha tem margem de crescimento. Portugal não. A Espanha tem a vida pela frente. Portugal vê-se obrigar a aplicar as políticas que os nossos vizinhos adoptaram há 20 anos. É verdade, 20 anos. Andámos 20 anos a iludir-nos.
por André Abrantes Amaral @ 11/25/2005 12:19:00 da tarde
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