10.10.05

Quem perde?

Ainda que José Sócrates tenha de reconhecer que escolheu mal os candidatos nas duas maiores cidades do país (Carrilho e Assis), colocando-se a jeito para macro-interpretações, a verdade é que essa leitura global só prejudicaria o país. Isto é, se Sócrates sentir que os números penalizantes pedem travão às reformas, Portugal ficará pior amanhã.

Está a chegar o Orçamento de Estado: se o aparelho do partido (mesmo enfraquecido) e a oposição (fortalecida) terão tendência para pressionar Sócrates, ele sabe que precisa de cortar quase 2 mil milhões de euros no défice público em 2006 – e sabe, também, que só sendo determinado servirá Portugal.

Ora Portugal pede políticas mais exigentes e complexas do que a decisão de oferecer umas centenas de torradeiras. E essas exigem ideologia. Mais à esquerda, mais à direita, o que interessa é que limpem o país desse peso de um Estado tutelar e salvador – porque foi esse Estado, paternal, perverso, que gerou e mantém ainda no poder candidatos como Valentim, Fátima e Isaltino .

Sócrates, com a tentativa de diminuir o peso do Estado na economia, cortando com privilégios inexplicáveis, está a dar a Portugal exactamente o que Portugal precisa.

O PS perdeu estas eleições. Mas sendo genuínas estas “dietas” liberais para cortar na gordura do Estado, o país não merece perder.