31.10.05

No poupar é que está o ganho

No JN de hoje vem uma notícia sobre a diminuição da poupança entre os portugueses para níveis historicamente baixos. Isto num país que já deteve uma das mais altas taxas de poupança do mundo.
Mas, então, não é isso uma coisa boa?
Se a poupança fosse maior, não poderíamos comprar todos os bens e serviços que nos permitem viver com o conforto que desejamos, não é? Nem poderíamos ajudar a economia a manter os empregos de tantos concidadãos quando decidimos comprar produtos nacionais em vez de estrangeiros, mesmo quando estes são mais baratos e poderíamos assim poupar. Não estaríamos a contribuir para gerar mais rendimentos, contribuindo para arrancar o país da depressão, nem estaríamos imbuídos do espírito de confiança que os nossos governantes nos instilam.
Poderíamos então concluir que poupar, pelo menos demasiado, é uma má atitude. Exemplos de frugalidade na maneira como alocamos o nosso rendimento devem ser evitados.

Usemos um pouco o nosso bom senso. Que acontece quando poupamos parte do nosso rendimento? Estaremos a constituir o nosso próprio seguro para "raining days", contrariando a despreocupação e desresponsabilização instituida pelo estado social. Estaremos a contribuir para o futuro da nossa família, ao providenciar a sua futura saúde, educação e até lazer, potencializando o seu bem estar. E o que acontece ao nosso rendimento assim afectado?
Ao diferirmos a sua utilização, disponibilizamo-lo para ser aplicado em outras actividades, financiando investimentos em empresas e negócios, criando emprego, gerando rendimentos e até mais consumo (e até mais impostos cobrados). Por este diferimento, por este serviço que prestamos, recebemos o respectivo preço: o valor dos juros da aplicação que foi dada ao dinheiro.

Infelizmente, o estado contribui em sentido contrário, retirando-nos parte da possibilidade de poupar, de financiar o crescimento da economia. A maneira como malbarata esses recursos no enorme monstro tentacular que é o estado providência e nas clientelas dos gestores da coisa pública, é mau exemplo para a poupança individual.