A nostalgia europeia
A grande maioria dos europeus, além de não ser liberal (e ver nos EUA o seu maior símbolo) apresenta duas particularidades muito interessantes. A primeira delas está no erro que foi o apoio que muito europeus (de forma mais ou menos entusiástica) deram à URSS. É preciso não esquecer que se o regime soviético cairia por si mesmo, foi a América quem teve um papel crucial no seu derrube. Para muitos foi um sonho desfeito, uma ferida para a vida inteira, a amargura que é um sentimento difícil de ultrapassar, principalmente quando atinge um número inimaginável de pessoas.
A segunda particularidade está no não aceitar o poder perdido. A Europa, desde o século XVI dominou o mundo. A sua substituição pela América é algo inaceitável aos olhos de muitos. Por muito que nos custe admitir existe, quando se fala dos EUA, um nacionalista em cada europeu. Chamo a atenção para um pormenor. Os habitantes da Europa não se sentem europeus. Sentem, isso sim, uma enorme mágoa com o poder perdido pelo seu país e mascaram a sua fraqueza com a putativa força europeia. Não esqueçamos, no entanto, uma verdade. Acaso, a Europa se apresentasse como nova potência mundial (sem qualquer contra-peso que a sustentasse) rapidamente cairia nas hostilidades e amuos que sempre a caracterizaram.
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A aversão à América está aqui. Encontra-se muito racionalmente fundamentada mesmo que se manifeste de forma irracional e irresponsável. Irracional, porque tudo serve para minar a ainda existente aliança atlântica. Irresponsável porque nós, meros cidadãos somos os maiores prejudicados com a cobiça de quem sente nostalgia com o passado.
por André Abrantes Amaral @ 9/12/2005 01:13:00 da tarde
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