16.9.05

Campanhas privadas. meios públicos

De 1985 a 2001 o PS ganhou de forma incontestada todas as eleições para Câmara Municipal de Setúbal [CMS] (em 1985 coligado com o PSD). Mais por demérito da anterior gestão comunista e dos seus opositores do que por mérito próprio, diga-se de passagem.

Mas eis que nas eleições de 2001 aparece um opositor de peso. O autarca de Palmela - considerada unanimamente uma das melhores do país - decidiu candidatar-se à CMS. Perante esta ameaça o PS e a CMS multiplicam as iniciativas gastando o que não havia (o que havia já há muito havia sido gasto...) para "mostrar obra".

Uma das iniciativas foi o lançamento, já em plena campanha - julgo, de um boletim municipal. Algo nunca visto nos anteriores 16 anos. Era uma edição luxuosa (gostava de saber quanto custou) e não numerada (para ninguém perceber que era o primeiro número) que mostrava a obra realizava pela actual gestão câmararia.

Com a vitória retubante de Carlos Sousa e do PCP (mais do primeiro do que do segundo) a publicação sofreu um significativo downgrade. Perdeu as cores e a qualidade do papel diminui bastante. Transformou-se no orgão de propaganda da gestão comunista. Era normal aparecerem fotos do presidente em 3/4 das páginas. No editorial este discorria sobre temas de enorme revelância para o carácter da publicação. A guerra do Iraque, o Forúm Social Mundial (onde a CMS enviou uma delegação!), a globalização, etc.

Do último número não constam fotos de Carlos Sousa (pelo menos que me lembre). É uma edição inteiramente dedicada a mostrar a "obra feita". A qualidade da edição melhorou significativamente. Por acaso aproxima-se a data das eleições autárquicas.