O longo caminho que é a mudança
Scott Peck, conhecido psiquiatra norte-americano, refere, no seu livro ‘O Caminho Menos Percorrido e Mais Além’ que as pessoas normalmente atravessam cinco diferentes formas de lidar e resolver os problemas que lhes surgem: Negação, cólera, negociação, depressão e finalmente (os mais afortunados) a aceitação. Seria nesta última fase, e depois de reconhecido o falhanço de todas as anteriores tentativas que, aceitando o problema e as nossas fragilidades em o resolver, estaríamos aptos a superá-lo.
O autor, no mesmo livro, afirma que estes estádios também existem nas comunidades e até mesmo nos países, dando como exemplo a forma como os norte-americanos lidaram com a guerra no Vietname.
Ao ler este livro tentei encontrar os ditos estádios na forma como, em Portugal, temos encarado o problema que é o défice das finanças públicas. Assim sendo, poderíamos mencionar a fase da negação como correspondente aos governos do Eng. Guterres, quando o país andava na lua e discutia alegremente coisas tão importantes como os touros de morte em Barrancos. À cólera podemos associar o governo do Dr. Barroso. Na verdade, as poucas reformas nesse tempo propostas foram dura e profundamente repudiadas pela maioria da população. Agora, com o governo do Eng. Sócrates, encontrar-nos-emos na negociação. Todas as políticas do actual governo se resumem a tentar conciliar o inconciliável, a salvar o que não tem salvação possível. No meu entender, após a falhanço da negação e da cólera, também a negociação dará lugar ao quarto estádio que é a depressão. Esta surgirá com o fim deste governo. Será a fase mais difícil de ultrapassar e, apenas se o conseguirmos, chegaremos à aceitação de existência de um verdadeiro desequilíbrio da nossa sociedade que cria o conhecido défice. Só então, as reformas necessárias e fundamentais serão levadas a cabo e poderemos passar adiante.
por André Abrantes Amaral @ 8/31/2005 11:36:00 da manhã
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