Na diversidade está o ganho
Todos os meses de Agosto, sempre que os fogos lavram pelo país, dou-me conta que antigamente este problema não existia. Ou existia, mas não era tão grave. Os incêndios controlavam-se e raramente atingiam as proporções dos dias de hoje. Porquê?
Fala-se da falta de meios, mas há 200, 100, 50 anos estes eram bem piores que os actuais. Menciona-se a não limpeza das matas, mas nunca elas foram tão ocupadas pelo homem como agora. Existe, no meu ponto de vista, uma razão fundamental e que se alicerça no homem. O homem, através do planeamento central do que entendeu dever ser a floresta, decidiu destruir todas as espécies que não fossem pinheiro e eucalipto. A floresta portuguesa sempre foi caracterizada pela sua diversidade. No entanto, e nos dias que correm, já não há carvalhos, castanheiros, freixos, plátanos (excepto nas cidades), faias, tílias, azevinhos e inúmeras outras espécies, sem esquecer que todas as mencionadas se subdividem em infindáveis sub-espécies.
O que vejo a arder todos os meses de Agosto, não é floresta, mas um agrupamento impensado de árvores que crescem de forma instantânea e rápida, por ter sido incutido e pressionado pelos inúmeros governos ser esta a melhor forma de enriquecermos.
Não encontro, sinceramente, outra explicação. Não acredito no fogo posto como a única possibilidade. Pirómanos existem em todo o lado e não é em todo o lado que os fogos lavram alegremente pelo país fora, com uns pobres coitados a persegui-lo, tentado evitar que este, ao menos, não chegue às habitações.
Por muito que confunda os burocratas, nem tudo arde por igual. Árvores há que levam horas até arder por completo, árvores há que (por incrível que pareça) ajudam a combater os fogos.
por André Abrantes Amaral @ 8/19/2005 12:30:00 da tarde
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