8.8.05

Economistas em cativeiro

Há umas semanas, em editorial com (...) título ["os nossos economistas"], interrogava-se um semanário de referência, sobre alguns dos nossos melhores economistas.

Reconhecem-se, lia-se no artigo, “carradas de razão nos diagnósticos que fazem e nas terapias que recomendam”. E os portugueses até acreditam neles. Então - era a pergunta -, qual será a razão pela qual não as aplicaram quando estavam no governo? Evitariam o buraco em que estamos agora metidos. Estranho mistério o deste País, concluía o artigo.

Não é mistério. É um erro comum. Comparar coisas não comparáveis. Os economistas em que cuja competência os portugueses acreditam são economistas em liberdade. Diferentes dos mesmos economistas quando passam a fazer parte de um governo. Economistas em cativeiro. Acontece com todas as espécies animais. Ficam diferentes. Quando se limita um exemplar de uma espécie, constrangendo-o, restringindo a sua liberdade, muda o comportamento. Tornam-se menos fecundos, menos criativos. Acomodam-se. Forçados a conviver com outras espécies. Algumas perigosas.
António Amaro de Matos, no Diário Económico.