Ser ou não ser
Uma das acusações mais frequentes a quem se assume liberal é a de querer monopolizar o conceito de liberalismo. Que apenas a sua concepção do liberalismo é a verdadeira. Contudo esta acusação é errada. Não há uma ideia única do que é o liberalismo, mas várias. São inúmeras as concepções liberais. Existem, entre muitos, um liberalismo escocês, americano, um inglês e outro francês. Os caminhos para a modernidade (no dizer de Gertrude Himmelfarb) foram vários, diversos. Na verdade, foi um caminho marcado pelo pluralismo de ideias.
Por todas estas razões, jamais um liberal definiu o liberalismo pelo que é, mas pelo que ele não pode ser. Nós vivemos num Estado e numa sociedade socialista. Sempre que um governo toma medidas impopulares que visam defender o Estado social, é ele acusado de seguir políticas neo-liberais. Ora, é aqui que chegamos ao cerne da questão. Uma política liberal não sobe, mas desce os impostos, na exacta medida em que reduz a despesa pública. Uma política liberal não tenta manter o status-quo estatal, mas visa ferir o incomensurável poder do Estado. Uma política liberal não dá preferência ao papel do Estado sobre os direitos dos indivíduos. Uma política liberal não descentraliza o poder criando dezenas de centros de decisão espalhados pelo país. Estas são medidas socialistas. Um liberal não tem medo do poder de decisão dos indivíduos. Caso tivesse era socialista.
por André Abrantes Amaral @ 7/05/2005 11:33:00 da manhã
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