5.7.05

Ser ou não ser

Uma das acusações mais frequentes a quem se assume liberal é a de querer monopolizar o conceito de liberalismo. Que apenas a sua concepção do liberalismo é a verdadeira. Contudo esta acusação é errada. Não há uma ideia única do que é o liberalismo, mas várias. São inúmeras as concepções liberais. Existem, entre muitos, um liberalismo escocês, americano, um inglês e outro francês. Os caminhos para a modernidade (no dizer de Gertrude Himmelfarb) foram vários, diversos. Na verdade, foi um caminho marcado pelo pluralismo de ideias.

Por todas estas razões, jamais um liberal definiu o liberalismo pelo que é, mas pelo que ele não pode ser. Nós vivemos num Estado e numa sociedade socialista. Sempre que um governo toma medidas impopulares que visam defender o Estado social, é ele acusado de seguir políticas neo-liberais. Ora, é aqui que chegamos ao cerne da questão. Uma política liberal não sobe, mas desce os impostos, na exacta medida em que reduz a despesa pública. Uma política liberal não tenta manter o status-quo estatal, mas visa ferir o incomensurável poder do Estado. Uma política liberal não dá preferência ao papel do Estado sobre os direitos dos indivíduos. Uma política liberal não descentraliza o poder criando dezenas de centros de decisão espalhados pelo país. Estas são medidas socialistas. Um liberal não tem medo do poder de decisão dos indivíduos. Caso tivesse era socialista.