Gerir o dinheiro dos outros
O Sr. bispo coadjutor da Guarda, D. Manuel Felício, propõe que o estado trate de controlar as tendências despesistas dos portugueses, dado o crescente endividamento destes. Diz ele que "falta coragem da parte das entidades públicas para disciplinarem os cidadãos".
Indo de encontro às preocupações do Sr. bispo, já em 2001 o estado criou o Observatório do Endividamento dos Consumidores com o objectivo de investigar a "problemática do endividamento e do sobreendividamento dos consumidores". Ou seja, o estado pretende, depois de analisar a "problemática", agir sobre a maneira como as famílias decidem afectar o seu orçamento. Não bastando fazê-lo através dos impostos (restringindo esse orçamento), o estado organiza-se para controlar as decisões privadas.
Se não se pode confiar no estado para ser contido e criterioso na gestão do OE, porquê pedir-lhe que interfira nos orçamentos das famílias? Apenas se pode compreender isto se entendermos que toda a sociedade portuguesa (Igreja incluida) assume como natural a presença constante do estado proteccionista e paternalista. Este, para tal, planifica e orçamenta para depois gastar da maneira e com os resultados que todos conhecemos.
Interessante seria avaliar até que ponto a presença deste estado, das práticas dos seus agentes, não favorece a criação de uma cultura de desresponsabilização. Os que governam um estado gastador, causadores do crescimento da dívida pública e dos impostos, não são certamente os melhores conselheiros de gestão do orçamento das famílias.
por LA @ 7/26/2005 02:24:00 da tarde
<< Blogue