A verdadeira crise europeia
Mário Soares e Felipe Gonzalez chamaram a atenção, no passado fim de semana, para os riscos de desagregação da União Europeia após o ‘não’ Francês e Holandês ao Tratado Constitucional. No entanto, estes dois antigos chefes de governo parecem esquecer que partir do pressuposto que a UE pode acabar, porque o povo discordou de um tratado sem o qual, aliás, sempre viveu, é negar a própria democracia na Europa.
O risco da União Europeia se desagregar está, isso sim, na reacção negativa dos líderes europeus aos resultados daqueles dois referendos. Até agora, porque estes parecem não ter percebido o que verdadeiramente se passa, a esperança não pode ser muita.
O que se está a desagregar é a Europa Social criada no pós 2.ª Guerra Mundial e que Soares e Gonzalez tanto apreciam. Essa Europa está a desaparecer, não devido à actuação directa de alguém nesse sentido, mas em virtude das mudanças que ocorrem no mundo.
A Europa social com que Soares e Gonzalez simpatizam, não aguenta a integração dos novos membros de Leste, nem tem resposta para a competição que vem da China, Índia e dos EUA. A rigidez social europeia amarra a sua economia e não lhe permite competir com aqueles países. A manutenção da Europa social conduz à estagnação económica e, essa sim, liquida a União Europeia.
por André Abrantes Amaral @ 6/15/2005 12:01:00 da tarde
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