26.5.05

Obesidade mórbida

  • Uma empresa que esteja disposta a gastar 14.000 euros/ano na contratação de um trabalhador tem, desde logo, de contar com 23,75% do rendimento bruto para entrega à Segurança Social. Assim, se o trabalhador lhe vai custar mil euros/mês (14 meses de salários), o rendimento bruto estipulado no contrato será de 808,08 euros.

  • Mas o Estado - de uma forma cobarde - também obriga as empresas a representar o papel de cobrador de impostos. Logo, do salário bruto, a empresa terá todos os meses de reter 11% para a Segurança Social e 7,5% para o IRS (solteiro e sem filhos). De salário líquido, o trabalhador leva para casa 658,59 euros.

  • E o Estado ainda não acabou de confiscar o dinheiro do trabalhador! Continuando a não querer enfrentar directamente a fúria dos cidadãos, obriga as empresas a incluir o IVA nos produtos e serviços por aqueles adquiridos. As taxas de IVA são 5%, 12% e 21% (até agora, a taxa mais alta era 19%). Vamos assumir, para simplificação dos cálculos, que a taxa média de IVA para o padrão de consumo do trabalhador deste nosso exemplo é 17%.

  • Assim, no final do ano, o Estado arrecada 3.325 euros de Segurança Social da empresa, 1.244,44 euros de Segurança Social do trabalhador, 848,48 euros de retenção na fonte de IRS e 1.336,10 euros de IVA (no total, 6.754,02 euros). Do montante gasto pela empresa na contratação do trabalhador, 48,24% são impostos.

  • Dado que o IRS é progressivo, a porção dos impostos pagos por maiores rendimentos brutos mensais também aumenta: 1.500 euros (54%), 2.000 (57%), 2.500 (59%), 3.000 (60%), 4.000 (61%), 5.000 (63%)...

Nota: lembro que não se teve em conta o pagamento de outros impostos, tais como o imposto automóvel, imposto sobre os produtos petrolíferos, imposto sobre o tabaco, impostos municipais, etc; os valores calculados seriam, certamente, superiores...

Contudo, quando se refere o peso do Estado na economia fala-se das despesas, não das receitas (impostos). Ora - perguntarão alguns leitores -, como pode o Estado cobrar 50% (ou mais) dos salários dos trabalhadores e, mesmo assim, ter défice? Respostas, no próximo post!