O túnel de Ceuta
De manhã li que a Ministra da Cultura embargou o Túnel de Ceuta, não só na Rua D. Manuel II, mas também no Jardim do Carregal. Desde a sua programação, em 1995, pelo Executivo de Fernando Gomes, até ao dia de hoje, o Túnel de Ceuta conheceu inúmeros avanços e recuos, propostas e contra-propostas, numa batalha que envolve, entre outros, a Câmara Municipal do Porto (CMP), a administração do Hospital de Santo António e o Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR). A proposta inicial para a saída do túnel seria em frente ao Instituto de Medicina Legal, do lado direito do Jardim do Carregal, chumbada em 1996 pelo IPPAR, afirmando que se encontrava muito próximo, não só do jardim, mas também do Hospital de Santo António. Já durante o executivo de Nuno Cardoso, a CMP, começou a escavar a entrada do túnel em frente ao Hotel Infante de Sagres e a saída num local ainda mais próximo do hospital (à porta do serviço de urgências). A obra acabou por ser suspensa devido a dificuldades de escavação e a falta de cobertura financeira. Em 2002, no início do mandato do actual presidente da CMP, Rui Rio, e um ano depois da Porto 2001, a obra encontrava-se num impasse. Para além de ter sido chumbada pelo IPPAR, não recolhia a aprovação do Hospital de Santo António, uma vez que a saída se encontrava mesmo à porta das urgências, numa rampa com demasiada inclinação e terminando em cima de um cruzamento.
Como comentário, só posso dizer que a ministra, embora do Porto (até foi minha professora de Literatura Portuguesa na FLUP) não deve passar muito tempo por cá, senão saberia a confusão que as obras estão a causar neste momento naquele local. Ainda no sábado passado passei por lá e aqueles montes de terra (com mais de 3 metros) na frente do Soares dos Reis são muito estéticos e não devem sujar nada o edifício. Então aquela entrada em corredor para o museu entre esses montes ainda fica melhor. Não me espanta que ele esteja às moscas (não é que, sal raras excepções, aquilo seja muito movimentado).
Agora leio que a CMP decidiu avançar de novo com as obras do Túnel de Ceuta.
Bom, o mínimo que se pode dizer é que há um clima de guerrilha instalado à volta do Porto. E é claro que as eleições autárquicas têm tudo que ver com este assunto. O Governo de Portugal decidiu começar a fazer campanha pelo PS na zona metropolitana do Porto. Daí a ministra não estar interessada em resolver o assunto, daí Correia de Campos também andar a meter a colherada e a meter o complicador numa coisa que já estava suficientemente embrulhada. Por isso, o embargo não espanta ninguém.
Para quem não se lembre, o Túnel de Ceuta foi uma das obras lançadas por um dos executivos de Fernando Gomes, como se pode ler aqui:
Não sei se Rui Rio fez a extensão dentro da legalidade ou não, sei apenas que ele herdou, devido a enorme incompetência do PS nesta questão e, diga-se desde já, em muitas outras dentro da cidade do Porto (ao contrário de muitos, não penso que a gestão de Fernando Gomes tenha sido grande coisa para a cidade do Porto e Nuno Cardoso ainda menos).
Sei apenas que estava a resolver um assunto que, como muitos outros, estavam parados ou sem rumo devido à gestãp socialista da cidade. Quanto à protecção do Museu, não sei que tipo de estudos fez o IPPAR para saber que a saída do túnel no início de D. Manuel II iria danificar o liceu. Como qualquer portuense que se preze, conheço fisicamente o local e as explicações que ouvi do IPPAR não me convenceram nada.
Sinceramente, não sei onde tudo isto vai parar. Sei apenas que há um governo que, embora só conheça, para os outros assuntos, três velocidades (devagar, devagarinho, parado), decide, quando diz repeisto à cidade do Porto, armar-se em forte e fazer campanha pelo PS.
As eleições autarquicas já começaram no Porto.
por Rui Oliveira @ 5/03/2005 10:34:00 da tarde
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